Prenda-me esse homem
Havia uma camarada da minha companhia que, por consenso, foi decidido que nunca iria em
operações para o mato, pois as suas condições psicologicas não o permitiam. Como tal foi para a
machamba do capitão, e então ai encontrou o seu trabalho diário.
Certo dia, quando estáva de sargento de dia, apareceu de viisita o brigadeiro Remigio,
responsável pelo sector, sediado em Nampula.Formei a guarda,junto á porta de armas, e saudei militarmente
o brigadeiro tendo este iniciado a tradicional inspecção á guarda, quando passa por nós o homem da machamba.
Ia completamente á vontade,calçando os seus chinelos de enfiar no dedo,sem quico e com a enxada ao ombro,
tal como se estivesse na sua querida aldeia. Aquela situação era completamente impossivel passar despercebida
ao brigadeiro, tendo este, já com a vós alterada, dito - PRENDA-ME ESSE HOMEM -. Ainda tentei explicar a
situação, mas nada havia a fazer, pois era grande a distancia hierarquica para que me fizesse ouvir. Prendi o meu camarada
e quando o brigadeiro entrou no comando comuniquei o sucedido ao capitão da minha companhia que o mandou
retirar da prisão logo após o brigadeiro sair de Mueda, para a guerra do ar condicionado.
Linda-a-Velha, Dezembro de 2012
José Fernando Pascoal Monteiro ( Ex-Furriel Miliciano )
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