NARERE
Não sei o
que era antes da guerra Narere. Tinha uns edifícios em Linha.
A maior
parte da picada que lá ia ter era ladeada por grandes árvores e se a memória
não me atraiçoa eram mangueiras. No lado direito quando se seguia de Mocimboa
para lá tinha umas ou uma fazenda de
cajueiras com as árvores bem alinhadas.
Havia uma
linha telefónica para Mocimboa da Praia que recordo já cortada em diversos
locais. Porém de Narere podia-se fazer telefonemas para qualquer parte
inclusive para Lisboa.
Naquela data
tinha uma guarnição de muitos
milícias comandados por dois guardas
fiscais, que segundo constou estavam lá por castigo.
Ficava
situado sobre uma arriba de uma pequena
baía com uma vista espectacular. Belo lugar
para agora se passar umas ferias.
Quando fomos
para a operação, encontramos uma companhia de fusos, em que os militares
andavam com as respectivas divisas e galões. O 1º Sargento tinha como arma uma
MG com diversas fitas ao pescoço. Fez-me lembrar na altura um filme mexicano.
Quando
chegamos depois da operação a Narere informaram-nos que tinham desertado
diversos milícias.
No regresso
a Mocimboa da Praia na picada tinham atado um arame de uma a outra árvore á
altura dos ombros do motorista do arrebenta minas. Fui verificá-lo não tinha
nada de mal eu retirei o arame e
chegamos a Mocimboa sem qualquer precalço. Mais tarde correu o boato que os
dois guardas fiscais tinham sido assassinados.
Só contei
esta história pelo facto de um lugar isolado ter telefone publico
ou privado, esta historieta reporta-se a
Outubro de 1968.
Parede, 14
de Outubro de 2016
| Regressar ao Cantinho do Nascimento |