
MOCIMBOA DO ROVUMA / MUEDA
A guarnição
de Mocimboa do Rovuma, como estáva quase a acabar o tempo
de serviço no Norte, já não vinha
reabastecer a Mueda há muito tempo e
então quando houve substituição, por outra
companhia,foi o meu pelotão, mais o
esquadrão de cavalaria que foi fazer a sobreposição.
Sabiamos que
aquela picada ,não era longa, sendo no entanto muito perigosa.Saimos
de Mueda, pela manhã, e demorámos
muito tempo a percorrer os poucos
quilómetros, pois houve necessidade de picar e utilizar os
detectores de metais.Apanhámos
algumas minas e fornilhos mas chegámos sem
emboscadas.Lá ficámos, não sei quanto tempo, a
rações de combate e chegou
a altura de preparar o regresso.Ao fazermos a
preparação para o regresso, foi-me indicado que a minha
viatura seria a última
do pelotão e comecei a chamar o pessoal da
minha secção onde, obviamante, estáva o Vilas
Boas.Imediatamente antes da saída,
veio têr comigo um soldado de cavalaria
informando que era o condutor do granadeiro ( que fecharia a coluna ) e
que este não
tinha travões.Chegou o tempo de saída
e lá fomos nós a caminho de Mueda, onde, pouco tempo
depois, houve uma forte
emboscada, tendo o granadeiro embatido violentemento
na nossa viatura, não havendo problemas pois ao primeiro tiro fomos
imediatamente para o chão.Ficámos
imediatamente no limite da zona de morte, pois ainda me lembro de me
terem caido alguns ramos
de arvores, cortados pelas balas.Após o
tiroteio, e como habitualmente, fui percorrer a coluna perguntando se
tinha havido
problemas,quando alguém me respondeu - Vá vêr acima
da berliet -, subi para a viatura e, perante o meu espanto, vi o corpo
do Vilas Boas, já morto, de busto para cima, com um orificio na zona do pescoço.
Chegados a Mueda, e
voltando a falar do assunto, fiquei a saber que o Vilas Boas, por
iniciativa própria, decidiu
mudar de viatura para poder continuar a falar com um
camarada de outra secção e que tinha sido atingido antes
de chegar ao chão.
José Fernando Pascoal
Monteiro ( Ex-Furriel Miliciano )