Esta noite estive em Mueda, encontrei-me com os meus
companheiros e amigos na flatt nº 2. Ali estavam o Adolfo, o
Ribeiro, o Zé Ferreira, o
Eurico, o Andrade e o Valério Pereira. Devia ser dia de festa,
pois estavam alguns convidados especias
tais como o Carlos
Westermam e o Boaventura Gaspar. Bebemos umas cervejolas ( muitas
) e enganamos os estomagos com qualquer coisa
trazida , como sempre , pelo vaguemestre.
Falei com todos, rimo-nos
de situações passadas e os homens das anedotas
fizeram jus ao seu jeito, só que devia ser
uma noite especialmente negativa
para o Adolfo e para o Eurico, não quiseram falar comigo ou
não me ouviam, ainda lhes falei directamente:
- Adolfo, canta um faducho para nós, com a tua voz de tenor.
- Eurico, distribui alka seltzer à rapaziada, que amanhã estamos de ressaca.
Foi tudo em vão, eles estavam ali, bem os vi,
mas não quiseram falar comigo.
Passei pela
cantina e estive com a malta da minha secção.Lá
estavam o Amadeu Lopes ( Vila Real ), o Vilas Boas, o Fonseca, o
Urze,
o Pereira e outros. Despejamos
umas basucas e notei que o Vila Real e o Vilas Boas não me
falavam, estavam ali perfeitamente ao meu lado,
ainda disse a um deles:
- Vilas Boas, tu que andaste
sempre comigo a montar e desmontar armadilhas, o que se passa??????????
Não obtive resposta, mas
que coisa curiosa, estaria eu a constituir um grupo de não
amigos?????????
Voltei para a
flat, no percurso encontrei-me com o António Mateus, que anda a
convencer-me para ir de férias com ele, á
Metrópole,
encontrei-me com o Lemos, que
quer ir de férias comigo para Nampula e ainda passei pelo Lopes
e pelo Sintra , estes então nem sequer me falaram.
Na fllat, a
noite já ia alta, mas as cervejolas continuavam a querer limpar
as gargantas. Vi o Gaspar a um canto, já com uns
"olhos pequeninos", provavelmente
a lembrar-se das noites de estudante em Coimbra e perguntei-lhe
directamente:
- Boaventura Gaspar, serei eu que estou com
os copos ou alguma malta não quer falar comigo????????
- Quem não quer falar contigo, Monteiro??????
- Aqui, respondi eu, O Eurico e o Adolfo, antes de vir
para aqui passei pelo Lope se pelo Sintra, que nem me falaram, e
aconteceu também com dois camaradas
da minha secção.
- Monteiro, respondeu o Gaspar, com voz calma e
serena, tu podes estar com os copos mas não te podes esquecer
que os mortos não ouvem nem falam.
Eles estão sempre presentes connosco e continuam a viver aquilo que nós vivemos.
Acordei, o sacana do cão do meu vizinho da
frente, tinha o despertador para muito mais cedo.
Levantei-me, mal me ergui as costas continuaram a
doer-me, Afinal foi um sonho. É bom que os dias se vão
passando, e que estes se