CHAMADA AO COMANDANTE DO BATALHAO
Já estávamos em Mueda há alguns meses ( sempre demasiado ), quando decidi ir de férias
para Nampula na companhia do Lemos, que me arranjou uma boleia num DO da Força Aérea.
Entretanto, antes de sair, escrevi aos meus pais a comunicar o facto,
para que não estranhassem
a
ausência de noticias.Enfim, lá estive em Nampula um
mês, completamente descansado, lá encontrei
o Sintra,
que estáva de baixa no hospital.Fizemos uma viagem
inesquecível, de comboio, para
a ilha de
Moçambique, com o Zé Ferreira.O tempo foi passando e no
final apanhámos o avião
para Porto
Amélia (Pemba ) e desta para Mueda.Aqui chegado, estáva
preparado para entrar
de
serviço no dia seguinte, quando fui abordado pelo capitão
Lalanda Gonçalves e este me
comunicou para ir ao gabinete do comandante de batalhão.
Fiquei surpreendido, pois nunca tinha entrado em tal
gabinete, e lá fui eu falar com o comandante.
Entrei e depois da habitual
continência mostrou-me um envelope a si dirigido ( Reconheci
imediatamente a letra do meu pai
) e deu-me uma reprimenda por não têr escrito,
durante as
férias, aos meu
pais.Retorqui que escrevi com a mesma regularidade com que o fazia em
Mueda,
e que não compreendia o
porquê do desaparecimento das cartas.No dia seguinte, como era
habitual,
estáva de sargento de dia
quando o sargento Sapateiro me entregou as cartas que eu tinha escrito
em Nampula, pois vieram devolvidas ao
remetente por excesso de peso e por não terem o selo
correspondente.
José Fernando Pascoal Monteiro
( Ex-Furriel Miliciano )