As cartas
As cartas escritas escritas para os nossos Pais e as mentiras piedosas que se escreviam
para que eles andassem felizes no dia a dia e dormssem à noite sossegados.
Durante os longos quatorze anos milhares de militares tentaram atenuar as saudades
e ador dos seus queridos Pais. Nas cartas e aerogramas, todos eles tentavam minimizar
a dor, a angustia e saudade, principalmente das suas Mães que lá longe, na Metrópole,
estavam sempre com o coração em sobressalto, por causa dos seus meninos que sofriam
e morriam naquela guerra estupida.
Eu, e muitos dos meus camaradas, que duante dias andavamos em campanha e noutras
situações perigosas, como emboscadas e minas. Escreviamos sempre que estavamos nas vilas
ou cidades. Aos fim de semana havia bailarico e também eramos visitados por conjuntos que
vinham da Metrópole ou de Lourenço Marques ( Maputo ),em suma estavamos em África em férias.
Mas a realidade era outra, todos os dias havia feridos e mortos, o perigo nas picadas minadas,
nas emboscadas e nos combates em operações, muitas vezes com resultados funestos para nós.
Era o clima muito diferente a que estavamos habituados, eram as águas inquinadas, a sede
insuportável nessas alturas, os mosquitos transmissores de malária e outras doenças.
Tudo isso durante 14 anos longos anos que tivemos que suportar. Se muitos de nós
fossemos contar, para os nossos Pais, a realidade do nosso dia a dia, a desgraça teria sido
maior e pior pois muitos não iriam aguentar e então veríamos morrer Pais e filhos, uns em
combate e doenças, e o Pais de desgosto e dor.
Moçambique, histórias e factos passados durante a guerra colonial no século passado.
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