BRIGADEIRO QUER BAZUCAS E MORTEIROS
Quando a
companhia 1712 foi para Lourenço Marques, pensávamos que iríamos passar o resto
da comissão de férias, tal não aconteceu, pois que estávamos quase sempre de
serviço, ora era sargento de dia ora era sargento da guarda, e ainda todos os
dias havia um pelotão a fazer serviço exterior de patrulhas aos arredores de
LM. Num desses dias estava o meu pelotão de serviço ao exterior e toca o alarme (sirene) que nunca tínhamos
ouvido. Formou-se imediatamente a companhia e meu pelotão á parte para qualquer
eventualidade. Depois de estarmos algum tempo formados na parada, veio a ordem
para seguir para junto de umas praias, que um movimento suspeito tinha-se
avistado por lá. Foi o pelotão até á
referida zona, saltou-se das viaturas praticamente ainda em movimento, indo
metade do pelotão para as dunas, que eram arborizadas e a outra metade para o
lado oposto. Passados alguns momentos temos os turistas sul-africamos a tirar fotos. Entretanto aparece o
brigadeiro (comandante da zona de LM) e pergunta pelo comandante do pelotão. O
militar que estava mais próximo aponta para mim e diz-lhe que sou eu. Chama-me
e diz: Nosso alferes. Respondo e digo que não sou alferes mas sim furriel
miliciano. Onde está o alferes. Volto a responder. Morreu á bastante tempo em
combate. Nosso furriel onde tem as bazucas e morteiros. Volto a responder meu
brigadeiro, passei a maior parte do tempo em operações e por fim já não
levávamos essas armas a não ser que antecipadamente soubéssemos que íamos a um
objectivo concreto e essas armas fossem necessárias. Como bem
educado que era virou costas e nem se despediu. Será que eram assim todos os
oficiais generais daquela altura
António Nascimento
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